A lógica do varejo farmacêutico e a importância das pessoas.
O mercado farmacêutico brasileiro, que viveu períodos de abundância durante muitos anos, enfim sentiu o momento político e econômico de nosso país.
Por mais otimistas que sejamos, as mazelas de nossa política acabam nos afetando e deixando todos muito inseguros. O desemprego está num patamar muito alto e tem feito as pessoas pensarem muito antes de investir em qualquer bem. Esse processo vira uma roda-viva de consequências, o consumo diminui e não há geração de empregos.
O que nós, do varejo farmacêutico podemos fazer?
Olhando para o nosso negócio, percebemos que tem aumentado muito o número de clientes que já pedem a substituição de seu medicamento habitual por marcas mais baratas. “Já que não posso ficar sem tomar o remédio, vou comprar uma opção mais em conta”. Essa é uma realidade da qual não podemos mais fugir. É só observar o crescimento das farmácias chamadas “populares”, que têm foco nas vendas de genéricos e similares.
E considero que essa é uma excelente noticia. A sobrevivência da maioria das empresas do varejo farmacêutico depende das margens mais altas que esses produtos geram. E não devemos olhar para esse fato considerando-o antiético.
Os produtos que estão no mercado são todos fiscalizados e aprovados pelo órgão governamental responsável por isso – a Anvisa. A agência, quando encontra ou é notificada de alguma irregularidade, retira o produto do mercado. Então, não é o varejo que deve ser o “fiscal” dessa qualidade.
Não podemos esquecer que a indústria escolhe onde colocar sua grande verba de marketing – investe em equipes de visitação médica, em apoio a médicos em viagens a congressos, enfim, na propaganda médica. Ou investe essas verbas na precificação dos produtos, deixando-os mais acessíveis ao consumidor – através de descontos mais agressivos.
Vejam que há uma lógica de mercado.
E, nesse ponto, devo retomar meu tema preferido: as pessoas.
Num processo de vendas em que há a opção do cliente por genéricos, principalmente, ter pessoas capacitadas e comprometidas com o negócio e – aqui, sim, cabe a palavra – o respeito à ética é fundamental.
As pessoas que atendem os clientes precisam estar conscientizadas da importância e da responsabilidade de seu trabalho.
E só conseguimos isso se as valorizamos, se as ajudamos a entender o seu propósito de vida e o propósito da empresa.
O que nós, do varejo farmacêutico, podemos fazer? Tenho convicção de que a resposta para essa pergunta está implícita neste texto.