Passo a passo para a expansão do negócio
Aparente calmaria entre o mercado e o novo governo faz com que o espírito de retomada do crescimento esteja mais latente entre os varejistas do País. Talvez este seja o momento adequado para expandir os negócios
A “dança das cadeiras” no Planalto, que ocorreu nas últimas eleições, trouxe uma nova esperança e espírito de renascimento ao País. Uma das provas desse cenário está no Índice de Confiança do Consumidor, que, embora ainda abaixo do esperado, aumentou 12% em dezembro de 2018 em relação ao mesmo período do ano anterior, ao alcançar 45,8 pontos, segundo dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Os comerciantes também estão mais confiantes. Segundo dados do Índice de Confiança do Empresário do Comércio, divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), este indicador alcançou 115,5 pontos em dezembro último – uma alta de 5,7% em relação ao mesmo mês do ano anterior –, consolidando o melhor dezembro dos últimos cinco anos.
Indicadores como esses, somados a tantos outros, como inflação controlada e câmbio estável, fazem com que a guinada do País comece, de fato, a sair do papel em 2019. “Devemos ter uma retomada gradativa, mas, sem dúvida, o otimismo é muito grande. O novo cenário econômico e de crescimento da transparência no País faz os investidores passarem a enxergar o Brasil com bons olhos novamente. Com mais investimentos, aumentam os postos de trabalho, algo fundamental para o crescimento”, analisa o consultor do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP), escritório de Barretos, Marcelo de Souza Santos.
A professora e consultora do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo & Mercado de Consumo (Ibevar), Teresa Cristina Zanon, vê que 2019 deve ser um ano de grandes oportunidades. “O Brasil visualizou diversos setores que cresceram mesmo com a crise, como o farmacêutico. Então, imagine em um cenário de estabilidade como seria. As empresas privadas apostaram em investimento e em enxugar custos por muito tempo, mas chegou a hora de pensar em crescimento”, aconselha.
Entusiasmo com parcimônia
Diante desse momento de esperança do mercado, é natural que alguns varejistas comecem a pensar em expansão. Mas é importante que mesmo frente aos números mais consistentes da economia, a ampliação dos negócios seja feita com cautela. “Não há como ter certeza de que é a hora certa para expandir. Ações estratégicas, como expansão das operações, são apostas. Essas apostas são baseadas em indícios. O conjunto de indícios fortes nos dá segurança para investir”, considera o coordenador do Centro de Estudos em Negócios do Insper, David Kallás.
A segurança comentada pelo especialista pode vir de maneira mais consistente com um bom plano de negócios. “Na medida em que se planeja abrir uma nova unidade, avaliando público, ponto comercial e outras variáveis, é possível fazer uma previsão de faturamento e em quanto tempo o investimento pode ser recuperado”, aponta Santos, do Sebrae-SP.
Quais aspectos considerar na escolha de uma nova unidade?
- Analisar o fluxo de pessoas;
- Verificar a renda média do público do entorno do estabelecimento;
- Pesquisar a presença de concorrentes;
- Ponderar o custo do ponto;
- Checar a segurança do local;
- Observar o acesso da mão de obra;
- Avaliar se o ponto comercial está próximo ao público que se pretende atingir;
- Considerar a capacidade de gestão;
- Avaliar se a demanda da região ainda não foi atendida. Para tanto, fazer uma pesquisa geográfica para constatar se há saturação de negócios do ramo na área;
- Ter em mente que não adianta investir por investir. O empresário precisa estar com a parte financeira saudável para tanto.
Fontes: coordenador do Centro de Estudos em Negócios do Insper, David Kallás; consultor do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP), escritório de Barretos, Marcelo de Souza Santos; professor do Núcleo de Estudos e Negócios do Varejo da ESPM, Roberto Nascimento; e professora e consultora do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo & Mercado de Consumo (Ibevar), Teresa Cristina Zanon
Quando os cálculos são feitos e a decisão de expandir chega, outra preocupação deve ser a de manter a qualidade, caso a ideia de expansão aponte para uma nova filial. “É preciso estabelecer processos e padrões, treinar muito bem as lideranças, automatizar o que for passível de ser automatizado e dar foco na boa experiência do cliente”, indica o especialista do Insper. Teresa Cristina, do Ibevar, reforça a importância da capacitação nesse momento. “Não adianta abrir três ou quatro lojas sem recrutar e capacitar bem os funcionários. Não adianta ter uma loja linda e manter ótimo relacionamento com a indústria, se os funcionários não estão aptos para o atendimento e gestão. No caso de uma nova unidade, vale lembrar que não adianta ter só uma pessoa à frente do negócio apenas porque ela é de confiança. Ela também precisa ser capacitada”, alerta.
Cuidados na hora da tomada de crédito para a expansão
1º) Identificar a necessidade de crédito
É importante ter claros o valor do financiamento e a finalidade do recurso pretendido (compra de máquinas, de equipamentos, de matéria-prima, de aumento da estrutura física etc.).
2º) Buscar informações e escolher a instituição financeira
Checar informações sobre as linhas de financiamento que melhor se enquadram nas necessidades de crédito identificadas no 1º passo e quais instituições financeiras operam com tais linhas. As condições (custos, prazos, limites etc.) podem variar bastante de banco para banco.
3º) Analisar os fatores de restrição
É fundamental estar com todos os fatores de restrição (situação legal, garantias, capital próprio etc.) adequados às exigências das instituições financeiras.
4º) Elaborar o plano de negócios
O interessado terá de mostrar ao banco que o projeto é financeiramente viável. A melhor ferramenta para fazer isso é o plano de negócios. Algumas instituições financeiras solicitam que o estudo da viabilidade do projeto seja realizado com uma ferramenta da própria instituição.
5º) Efetuar o pedido de financiamento
O interessado deve se dirigir até à instituição financeira e apresentar ao gerente de pessoa jurídica a documentação necessária, as garantias solicitadas e o plano de negócios, mostrando a viabilidade do projeto. Após esses procedimentos, a instituição financeira analisará o projeto e retornará informando a liberação ou restrição ao financiamento. Vale entrar em contato com o banco onde já se é cliente e avaliar as condições oferecidas.
Fonte: Portal do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)
Somada à importância de manter a qualidade, é fundamental considerar que cada nova unidade do negócio precisa ser diferente da outra, segundo alerta o professor do Núcleo de Estudos e Negócios do Varejo da ESPM, Roberto Nascimento. “Cada unidade precisa de mix, preços e atendimento diferenciados, pois o público de cada região tem classes sociais e demandas diferentes”, adverte.
Oportunidades à vista
Se a ideia é abrir uma nova farmácia, vê-se números positivos para quem deseja apostar no setor. As redes de farmácias e drogarias representadas pela Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) movimentaram R$ 22,78 bilhões no primeiro semestre de 2018, um crescimento de 7,54% sobre os primeiros seis meses de 2017. No mesmo período, o faturamento das redes associadas à Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar) cresceu 19%. “Estamos diante de um cenário de crescimento da população idosa, o que, sem dúvida, favorece o negócio da farmácia, já que essas pessoas dependem mais de medicamentos. Além disso, recentemente a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou alguns exames e vacinação nessas lojas, o que traz um novo nicho para aquelas que acompanham a inovação. Isso sem contar as oportunidades na área de cosméticos”, comenta o especialista do Sebrae-SP.
Fonte: Guia da Farmácia