A evolução da profissão farmacêutica

A evolução da profissão farmacêutica

História global da profissão

É difícil saber exatamente quando começou os primeiros boticários, porém sabe-se que durante a era das trevas na Europa Ocidental, os monges ocupava-se copiando manuscritos e apresentando-os  e com isso praticavam em suas hortas e jardins o plantio de ervas medicinais, como manjericão, salva, valeriana, alfazema, tomilho entre outras. 

  Muitos mosteiros dispunham de farmácias e hospitais que cresciam e faziam evoluir cada vez mais os conhecimentos envolvidos. Essas práticas fizeram com que evoluísse ainda mais os estudos e a Igreja Católica criou universidades para que disponibilizassem o curso de medicina com foco de deter mais conhecimentos relacionados à cura de doenças. Ao longo dos anos com surgimento dos médicos da época, os mesmos já detinham mais de mil substâncias naturais diferentes capazes de curar diversas doenças.  

  Em 1.240 o Rei da Sicília e imperador germanico Frederico II através da carta magna de farmácia separou medicina de farmácia, legalizando a profissão de farmacêutica. Os mitos e a obscuridade com crenças limitantes fizeram com que a profissão se tornasse necessária.

  Existem vários acontecimentos, o mais importante é sabermos que após a segunda guerra mundial a profissão teve uma grande evolução, essa era foi conhecida como fase tradicional, cuja manipulação manual e cura faziam a diferença na profissão. Aos poucos essa fase foi substituída pela fase de transição, com grandes transformações, novas modalidades de estudos. Essa época foi marcada pela descoberta da penicilina, farmácia clínica, avanços tecnológicos  e produção industrial em grande escala.

  Com a produção industrializada e em grande escala dos medicamentos, surgiu uma necessidade de obter profissionais da área de farmácia para controlar esse desenvolvimento e aprimorar a serviço das fábricas, e então surgiu uma nova área de atuação que é no controle de qualidade e especificações no ramo industrial e facilitou que os farmacêuticos migrassem para esse ramo. Em conjunto com as industrialização surge a sociedade moderna, estimulada a consumir produtos com mais frequência e com um grau alto de exigência , e esse fator contribuiu para as farmácias se tornarem estabelecimentos comerciais.

  Os farmacêuticos que não migraram para as grandes indústrias da época sofreram preconceito ao ficarem nas farmácias, muitos diziam que eram apenas entregadores de medicamentos, isso gerou muita discussão e revolta entre a classe, e resultou num movimento que iniciou no EUA em 1960 com estudantes e professores de uma universidade. Nessa época houve uma nova transição da profissão farmacêutica e esse movimento se tornou uma revolução na profissão já que iniciou-se a fase de transição. Com a introdução da farmácia clínica, o farmacêutico se tornou membro da equipe de saúde, iniciando seu papel importante em atividades clínicas envolvendo farmacoterapia promovendo uso racional dos medicamentos.

História da profissão no Brasil

  No Brasil, quando os europeus chegaram, eles tiveram que se render a alguns costumes vindos das aldeias e pajés, e passaram a usar ervas para curar algumas doenças. Na época, os medicamentos só chegavam quando barcos espanhóis e português passavam pela costa brasileira. Inicialmente os medicamentos chegavam de Portugal já preparados e isso ocorria no séc. XVI. A dificuldade de transporte e o longo tempo para ter acesso aos medicamentos, levou a necessidade de trazer um especialista em boticário para criar as primeiras boutiques.

Linha do Tempo

  • Em 1240 – A carta magna de farmácia separou a profissão de farmacêutico e de médico. A consequência foi que o farmacêutico se tornou responsável em manipular e dispensar os medicamentos em boticários.
  • Em 1640 as boticas foram legalizadas e se tornaram um negócio do ramo comercial.
  • Em 1744 a profissão de boticário passou a ser fiscalizada.
  • Em 1824 o curso em farmácia começou a ser ensinado no Brasil.
  • Em 1825 foi consolidado o curso de Farmácia e ensinado em universidades.
  • Em 1886 o boticário se extinguiu e o farmacêutico ganhou força e respeito, fazendo assim ter que seguir uma jornada acadêmica para desempenhar a função.
  • Em 1962 o currículo mínimo do farmacêutico foi definido novamente, desta vez abrangendo a área laboratorial e industrial, o que ampliou ainda mais o ramo de atuação, nessa época o profissional era: Indústria Farmacêutica e de Alimentos; Controle de Medicamentos e Análise de Alimentos; Química Terapêutica e Laboratório de Saúde Pública.
  • Em 1965 o ministro da Educação da época resolveu cancelar o curso de farmácia e transferir sua grade para o curso de Química. Essa situação durou por 5 anos, voltando atrás pelo fato de distinção de áreas. 
  • A reforma universitária aprovada em 1969 para todo o Brasil fez reconstruir a grade curricular de farmácia. A reforma universitária para a Faculdade só começou a melhorar 10 anos após sua instalação e assim atingindo a melhoria do curso.
  • Em 1970 com o movimento “Farmácia clínica” o farmacêutico gostaria que esse conceito fosse motivo de aproximação do paciente em farmácias e drogarias, e estudando essas possibilidades em 1975 iniciou-se a construção inconsciente do conceito de Atenção Farmacêutica.
  • Em 1980 o conceito de Atenção Farmacêutica teve conclusão. No final da década de 1980, iniciou-se a implantação do SUS.
  • O conceito de Atenção Farmacêutica mais aceito foi elaborado por Hepler e Strand (1990), no qual é apresentada como a parte da prática farmacêutica 
  • Em 1991 o Ministério da Saúde dá início à distribuição gratuita de antirretrovirais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que 10 milhões de pessoas estariam infectadas pelo HIV no mundo. No Brasil, 1.805 casos foram notificados. 
  • Em 1993 é publicado o Decreto nº 793, conhecido como “Decreto dos Genéricos”, alterando os Decretos n° 74.170/74 e 79.094/77 que regulamentam, respectivamente, as Leis n° 5.991/73 e 6.360/76. que permite a interação do farmacêutico com o paciente, objetivando o atendimento das suas necessidades relacionadas aos medicamentos.
  • Em 1997 a OMS publicou documento intitulado “O papel do farmacêutico no sistema de atenção à saúde”, que reafirmou a missão do farmacêutico como agente de saúde, enquanto profissional capaz de oferecer produtos e serviços que contribuam para a melhora da saúde da sociedade. Nele, são mencionadas também as sete qualidades que o farmacêutico deve apresentar (conjunto conhecido como “farmacêutico sete estrelas”). 
  • A Portaria n° 344 foi publicada em 1998, e aprova o regulamento técnico das substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial.
  • Em 1999 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi constituída como autarquia, sob regime especial, vinculada ao Ministério da Saúde. e no mesmo ano é publicada a Lei nº 9.787 que alterou a Lei nº 6.360, de 23 de setembro de 1976, que dispõe sobre a vigilância sanitária, estabelece o medicamento genérico e dispõe sobre a utilização de nomes genéricos em produtos farmacêuticos. Revogou o Decreto n° 793/93. 
  • 2000: são concedidos os primeiros registros de medicamentos genéricos e se inicia a definição do conceito de assistência farmacêutica.
  • 2001: é publicada a Política Nacional de Medicamentos
  • 2002: Publicado a Resolução CNE/CES nº 2, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia (DCNs). 
  • 2013: Publicado a atualização da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), incluindo a da profissão farmacêutica. Desde a última atualização em 2002, a profissão farmacêutica era classificada em apenas duas classes de ocupações, às quais estavam desatualizadas com relação à realidade profissional. Atualmente, com 92% das propostas do CRF-SP acatadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), são oito ocupações, que se desdobram em mais de 100 sinônimos.
  • 2013: Publicado a Resolução nº 585 do CFF, que regulamenta as atribuições clínicas do farmacêutico, constituindo os direitos e as responsabilidades deste profissional no que concerne a sua área de atuação. 
  • 2013: Publicado a Resolução do CFF n° 586, que regula a prescrição farmacêutica.
  • 2014: Publicado a Lei nº 13.021, que dispõe sobre o exercício e a fiscalização das atividades farmacêuticas. Além disso, definiu a farmácia como uma unidade de prestação de serviços destinada a prestar assistência farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária individual e coletiva. E estabeleceu a responsabilidade solidária entre farmacêutico e proprietário para a promoção do uso racional de medicamentos. 
  • 2015: Publicado a Resolução CFF nº 616, que define os requisitos técnicos para o exercício do farmacêutico no âmbito da saúde estética.
  • 2018: Publicado a Resolução CFF nº 654, que dispõe sobre os requisitos necessários à prestação do serviço de vacinação pelo farmacêutico.

A evolução da profissão teve várias datas de destaque. Tivemos melhorias nas responsabilidades, protocolos, legislações, grade curricular e com certeza essa evolução continuará e aperfeiçoará cada vez mais essa profissão tão importante à Sociedade.

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