De olho no futuro, dinheiro é coisa do passado

De olho no futuro, dinheiro é coisa do passado

Cheques, cartões de débito e crédito e outros meios começam a dar lugar a smartphones e a outras maneiras mais ágeis e tecnológicas de pagar a conta – no caixa ou em qualquer outro lugar do estabelecimento

Em 2017, o uso de cartão de crédito alcançou a marca de R$ 842,6 bilhões; de cartão de débito, R$ 508 bilhões; e de cartão pré-pago, R$ 6,6 bilhões. No total, as transações somaram R$ 1,36 trilhão, uma alta de 12,6%, de acordo com a pesquisa Panorama dos Meios de Pagamento no Varejo Brasileiro na Visão das Empresas e Consumidores, realizada em maio de 2018 pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).

Ainda segundo o estudo, o mercado brasileiro convive com dois extremos: população mais rica (compra a crédito) e população desbancarizada (usa meios alternativos). Esse hiato ajuda as empresas de pagamento a criarem oportunidades de alcançar a população com o uso de novas tecnologias que eliminem o atrito das transações e garantam a segurança delas.

Para facilitar esse processo, em 2013, o governo brasileiro criou a Lei 12.965, que regulou as bases do pagamento eletrônico em larga escala, propiciando a entrada das fintechs no mercado e a expansão do uso das tecnologias inovadoras.

Além disso, o novo parâmetro faz com que as tradicionais empresas de pagamento desenvolvam, cada vez mais, soluções pensando nas necessidades e no dia a dia do varejista. O CEO do PagSeguro, Ricardo Dutra, cita a tecnologia TEF (Transferência Eletrônica de Fundos) como um exemplo que integra a aceitação de cartão à automação comercial, ideal para estabelecimentos que precisam transacionar grandes volumes em vários pontos de venda (PDVs), como grandes redes de farmácias.

A Cielo LIO é outro exemplo de como as empresas de máquinas de cartões estão se esforçando para criar novos produtos. O aparelho não somente realiza os pagamentos de cartão de crédito e débito, mas permite a gestão de todo  o estabelecimento, oferecendo mais de 90 Aplicativos (apps) que podem ser instalados no próprio equipamento.

O varejista pode, por exemplo, fazer todas as contas no próprio aparelho, além de ter acesso ao catálogo digital, e a todo o estoque da loja e a um relatório completo de vendas. “É um terminal inteligente que permite que a venda seja feita em qualquer ponto da loja e já imprime a nota fiscal. Pode ser feito também o controle de estoque, ERP (sigla em inglês para Enterprise Resource Planning; em português, Sistema de Gestão Empresarial) e do caixa. Está tudo integrado”, comenta a diretora de marketing e comunicação da Cielo, Duda Bastos.

Outra grande mudança vista neste segmento é a flexibilidade de escolha de como se deseja pagar pelo serviço das máquinas. Antes, as empresas cobravam uma mensalidade; atualmente, outros planos estão disponíveis. O varejista pode escolher, por exemplo, se prefere comprar a máquina por um preço, pagar um preço fixo mensal ou outras opções, de acordo com a companhia que oferece o serviço.

“Além disso, os estabelecimentos passam a contar com benefícios exclusivos, como o Serviço de Conciliação Integrada, que é acionado quando uma mercadoria é registrada no caixa e o sistema dá baixa no estoque, indicando a data em que o valor da mercadoria cairá na conta da empresa”, exemplifica Dutra.

Novo cenário

Os meios de pagamentos não estão somente evoluindo em serviços já existentes, mas criando alternativas mais tecnológicas ao cliente. De acordo com o vice-presidente executivo de Produtos, Negócios, Inovação e Marketing da Cielo, Danilo Caffaro, o futuro passa pela simplificação. O volume de transações eletrônicas equivale a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Ou seja, ainda há espaço para democratizar o pagamento eletrônico.

“O uso de novas tecnologias nos pontos de venda (PDVs) traz inúmeros benefícios para os negócios. A aplicação de soluções modernas para pagamentos e transações contribui para a redução das despesas do comércio e o aumento das vendas.

Além disso, lojas que investem em soluções inovadoras podem impactar a experiência do consumidor de maneira positiva, otimizando cada vez mais o serviço oferecido”, complementa o CEO do PagSeguro.

De maneira contextualizada, dentro do setor de farmácias e drogarias, 32% dos clientes pagam sua conta com débito, seguido de 26% em dinheiro, 20% crédito à vista, 18% crédito parcelado, 1% cartão de benefícios e 1% cartão da loja. Por outro lado, 33% dos estabelecimentos do canal farma já oferecem pagamento via app – 20% a mais do que o mercado geral, onde 13% dos varejistas ofertam essa opção.

“A tecnologia é extremamente importante para a conveniência e facilidade do cliente. Os investimentos em inovação também têm por premissa agilizar e dar mais qualidade no atendimento. O fortalecimento da cultura digital permeia toda essa estratégia em que o consumidor está no centro. São as suas necessidades, bem como seu comportamento, que ditam os passos da empresa”,

frisa o gerente executivo do Grupo Dimed, Alexandre Arnold.

Quais as tecnologias disponíveis?

Na China, popularizou-se o uso do celular como leitor de QR Code para efetuar pagamentos e quase não se usa mais o cartão de plástico. Esse modelo de pagamento facilita a vida das pessoas e contribui para a formalização da economia, diminuindo o uso do papel moeda – como é a meta do Banco Central do Brasil (BC).

Além disso, de acordo com Dutra, promove a competição, já que as fintechs desenvolvem produtos inovadores. Também são vistos movimentos em relação ao uso das “máquinas inteligentes”, que possibilitam a integração de aplicativos específicos dos lojistas aos meios de pagamento, podendo gerar mais eficiência e/ou ampliação das vendas nas empresas. Há ainda novidades em web, como as soluções obtidas para omnichannel, que integram o mundo físico ao digital, dando mais opções de compra e acesso aos consumidores.

A Panvel é uma das pioneiras no varejo farmacêutico a oferecer, em todas as suas lojas, a possibilidade de pagar sem carteira e cartão nas lojas, somente com o celular, pulseira ou qualquer outro dispositivo que utilize a tecnologia NFC (sigla em inglês para Near Field Communication; em português, comunicação por proximidade).

“Também desenvolvemos a nossa própria carteira digital, o Panvel Go. O projeto começou em 2017 e, este ano, já se encontra em 110 lojas de Porto Alegre (RS). Após escolher o produto, o cliente abre o aplicativo e a opção Panvel Go, que fica no menu principal à esquerda. O software OmniPDV, instalado no balcão de atendimento ou em tablets, faz a conexão com o app do cliente, concluindo a compra. A única condição é ter um cadastro com os dados do cartão de crédito no aplicativo ou no site ou fazê-lo na loja”,

salienta Arnold.

 

Dinheiro, cartões de crédito e débito são onipresentes no varejo; pagamento por apps em expansão

Fonte: Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC)

 

Esta é uma opção parecida com os pagamentos por aproximação no pin pad, como o Apple Pay e o Samsung Pay, também já usado por alguns varejistas brasileiros. É o caso da Drogaria Iguatemi, que oferece aos clientes que usam iPhone ou Apple Watch a possibilidade de pagar sua conta com o dispositivo.

O pagamento é feito ao encostar o device na máquina do cartão, autenticando a transação com o Touch ID ou Face ID, da Apple. Apesar de não poder ser feito em qualquer local do PDV, a tecnologia ajuda aqueles que não querem carregar a carteira à farmácia, além de agilizar o processo de pagamento.

E se a tecnologia está presente nos meios de pagamentos, ela também é vital para outras áreas da gestão. “Entre as principais tendências estão a maior interação com os clientes por meio do reconhecimento geolocalizado próximo e dentro da loja, ofertas cada vez mais relevantes e personalizadas, inteligência artificial para atendimento de clientes, integração total da jornada do cliente entre físico e digital e uso da Internet das Coisas (IoT) através de equipamentos que auxiliem na aderência aos tratamentos”,

finaliza o executivo.

Fonte: ABC FARMA

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