Projeção de Fluxo de Caixa de 2018. Você fez a sua?
O ano mal iniciou e as empresas já fizeram, ou pelo menos deveriam ter feito, o seu planejamento estratégico para o período. É no planejamento estratégico que as empresas alinham seus objetivos, missão, visão e metas.
O planejamento deve ser encarado quase que como um “ritual corporativo” das empresas, mas quero aqui lembrar que, sem sustentação dos números, planejamento nenhum tem sentido, pois existe uma enorme diferença entre a situação atual e as metas traçadas – daí ser fundamental fazer um procedimento que chamamos de PROJEÇÃO DE FLUXO DE CAIXA DO ANO.
A maioria das farmácias independentes não faz essa projeção.
O que vem a ser projeção de fluxo de caixa?
Todos os meses, a farmácia deve fazer seus demonstrativos de resultados financeiros. Assim, ao encerrar o ano, a empresa se baseia nos números do ano anterior para projetar as despesas e receitas do ano seguinte – e assim antever o fluxo de caixa mensalmente, até o fim do ano vigente. Todos os anos você já sabe que haverá reajustes de tarifas, salários, produtos, aluguel, prestadores de serviços e muitas das demais diversas despesas da farmácia. Com a projeção de fluxo de caixa, você projeta a porcentagem que tais despesas crescerão e também o quanto as receitas poderão crescer, se manter ou até se reduzir. A farmácia consegue, portanto, conhecer com antecedência o potencial resultado de fluxo de caixa que terá ao longo do ano.
Faz sentido agora a importância desse procedimento?
A projeção permite à farmácia antever como ficará o fluxo de caixa da empresa, permitindo assim que ajustes antecipados nas despesas, investimentos e evitar qualquer ação que possa resultar em degradação do capital de giro, baixa e até fluxo de caixa negativo.
Todos querem crescer, melhorar seus resultados, mas sabemos, que para atingir tais objetivos, muitas vezes são necessários recursos financeiros. E a única forma de garantir que haverá tais recursos é fazendo projeções. Quando se capta recursos de terceiros (empréstimos), a única forma de garantir capacidade de pagamento é fazer a projeção de fluxo de caixa. Enfim, todas as nossas ações como empresários e gestores decorrem da análise financeira para serem traçadas com propriedade.
O ano de 2018 acena para recuperação em diversos setores da economia, mas ainda é muito cedo para falar em “fim de crise”. O varejo farma, como sempre, ainda esboça resiliência e desempenho muito acima da média dos outros segmentos, mas é evidente que nosso crescimento já não é comparável aos índices registrados antes da crise que assolou o país.
A cada ano temos mais farmácias, novos modelos de concorrência, novos players no mercado e, logicamente, concorrentes aprimorando seus processos de gestão e experiência de compra de seus clientes, introduzindo inovações num mercado que exige mudanças em velocidade muito rápida.
Diante desse cenário, como você se preparou ou ainda pretende se preparar para lidar num mercado que a cada dia se torna mais competitivo?
Planejamento estratégico sem efetuar uma projeção de Fluxo de Caixa não é planejamento, pois existe um abismo que separa objetivos/metas e a situação real/atual.
Nenhum planejamento estratégico se sustenta sem números, sem indicadores, sem demonstrativos de resultados. Sem números, tais planos não passam de blá, blá, blá e intermináveis reuniões, com pessoas dando palpites sobre o que precisa melhorar e apontando metas que podem ou não ser atingidas.
Muitos se esquecem de que o aumento de vendas depende também de incremento nos níveis de estoque, diversificação do mix de produtos, ampliação do crédito, aumento do capital de giro, oferta de serviços diferenciados, atualização da identidade visual, melhorias no layout, implantação de gerenciamento por categorias, reformas. Enfim, elenquei aqui diversas ações que exigem, cada uma delas, RECURSOS FINANCEIROS para serem concretizadas.
Traduzindo: TUDO ISSO CUSTA DINHEIRO!
Por isso, um planejamento estratégico não pode ser meramente ideológico, ou seja, não basta fazer análise Swot (pontos fortes x fracos e oportunidade x ameaças), definir missão e visão da empresa e estabelecer metas, se você não aloca recursos para concretizar cada objetivo proposto.
Bem, acredito ter enfatizado suficientemente essa questão até aqui, mas muitos me perguntariam como aplicar na prática tudo o que foi mostrado até agora. Sei que, apesar de todas as farmácias utilizarem um software ou ERP onde registram compras e vendas, muitas delas não conseguem, e boa parte deles não atende os requisitos necessário para tal.
1 passo – Você precisa ter um excelente gerenciador financeiro para lançar cada centavo do dinheiro que entra e sai da farmácia. Isso significa registrar os lançamentos de todas as despesas pagas e a pagar e todas as receitas e suas origens. No gerenciador financeiro, você deve ter cadastradas todas as suas contas bancárias.
2 passo – Diariamente, fazer a conciliação bancária – um procedimento básico onde comparamos toda a movimentação das contas correntes com os lançamentos efetuados no gerenciador financeiro.
3 passo – Analisar mensalmente o plano de contas (demonstrativo onde todas as despesas estão padronizadas em categorias) e observar o peso de cada despesa sobre o faturamento. Dessa forma, é possível identificar que despesas estão afetando o lucro planejado para a farmácia.
Um bom gerenciador financeiro é tão importante que já permite inclusive exportar toda a movimentação financeira e enviá-la para a contabilidade, que utilizará tais informações para efetivar o livro-caixa e demais obrigações contábeis.
Uma vez feitos todos esses procedimentos, ao início de cada ano a farmácia deverá, no próprio gerenciador financeiro, fazer a PROJEÇÃO DE FLUXO DE CAIXA dos próximos 12 meses e analisar a curva de tendência do mesmo – ou seja, se haverá crescimento, redução ou estabilidade.
AGORA, SIM! AGORA VOCÊ ESTÁ PREPARADO!
Lembre-se de que, assim como numa gestão de alto desempenho, um planejamento deve priorizar RESULTADOS.
E, por falar em resultado, encerro meu artigo recomendando a você a leitura do livro “Vicente Falconi – O que importa é o resultado”, da jornalista Cristiane Correa.
A leitura desse livro ratifica tudo que aqui falamos e reforça o conceito de que uma boa gestão deve ser baseada em resultados.
Fonte: ABC PHARMA